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A acupuntura clássica e a terapia da dor miofascial enfocam, cada uma, centenas de pontos similares no corpo para tratar a dor, embora o façam de modos distintos, explica um médico da Mayo Clinic, em Jacksonville, que analisou as duas técnicas.

Os resultados do estudo, publicados em 10 de maio no Journal of Complementary and Alternative Medicine, sugerem que as pessoas que desejam aliviar a dor musculoesquelética crônica podem ser beneficiadas por qualquer uma destas terapias, afirma o especialista em dor crônica Dr. Peter Dorsher, do departamento de medicina física e reabilitação da Mayo Clinic.

“Isto pode surpreender aqueles que realizam as duas técnicas diferentes, porque a noção vigente é a de que ambas são terapias exclusivas separadas por milhares de anos”, explica ele.

“Este estudo, porém, mostra que no tratamento dos transtornos da dor, a acupuntura e as técnicas miofasciais são fundamentalmente similares—e isto é uma boa notícia para todos aqueles que buscam alívio”. 

A acupuntura chinesa clássica trata a dor e uma variedade de distúrbios de saúde usando agulhas finas para “zerar” a transmissão nervosa, explica Dorsher. As agulhas são inseridas em um ou vários dos 361 acupontos clássicos, tendo como alvo órgãos específicos ou problemas de dor. “Trata-se de uma técnica bastante segura e efetiva”, diz. 

A terapia de liberação miofascial, que começou a evoluir a partir da metade do século XIX, enfoca regiões musculares sensíveis ou de “pontos deflagradores”. Existem cerca de 255 dessas regiões descritas pelo Trigger Point Manual, o livro-texto seminal da dor miofascial.

Acredita-se que estas regiões sejam áreas sensíveis e doloridas de músculo e fáscia, a malha de tecido mole que circunda músculos, ossos, órgãos e outras estruturas corporais. Para aliviar a dor nestes pontos deflagradores, os profissionais usam injeções, compressão profunda, massagem, vibração mecânica, estimulação elétrica e alongamento, entre outras técnicas. 

No estudo, Dorsher analisou estudos publicados sobre ambas as técnicas e demonstrou que os pontos de acupuntura e pontos deflagradores são anatômica e clinicamente similares quanto aos usos no tratamento de distúrbios da dor. 


Outros estudos

Em outro estudo recente, Dorsher constatou que pelo menos 92% dos pontos deflagradores comuns correspondiam anatomicamente aos acupontos, e que sua correspondência clínica no tratamento da dor era superior a 95%. “Isto significa que o acuponto clássico estava na mesma região do corpo que o ponto deflagrador, era usado para o mesmo tipo de problema da dor, e o padrão de dor referido pelo ponto deflagrador seguia a via meridiana do acuponto descrito pelos chineses há mais de 2 mil anos”, explica ele.

A terapia da dor miofascial foi posteriormente incorporada ao uso das agulhas de acupuntura em um tratamento chamado “agulhamento a seco”, para tratar os pontos deflagradores musculares. “Considero razoável dizer que a tradição da dor miofascial representa uma redescoberta independente dos princípios de cura da medicina tradicional chinesa”, diz Dorsher.

“Aquilo que provavelmente une estas duas disciplinas é o sistema nervoso, o qual transmite a dor”.

O estudo foi financiado pela Mayo Clinic.

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CRM-SP: 158074 / RQE: 65523 - 65524

Médico especialista em Fisiatria e Acupuntura. Área de Atuação em Dor pela AMB. Doutorado em Ciências pela USP. Pesquisador e Colaborador do Grupo de Dor do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP. Diretor de Marketing do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP). Integrante da Câmara Técnica de Acupuntura do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Secretário do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). Presidente do Comitê de Acupuntura da Sociedade Brasileira de Regeneração Tecidual (SBRET). Professor convidado do Curso de Pós-Graduação em Dor da Universidade de São Paulo (USP). Membro do Conselho Revisor - Medicina Física e Reabilitação da Journal of the Brazilian Medical Association (AMB).